500 mil viciados em sexo


Em Portugal há mais de 500 mil pessoas viciadas em sexo, na sua maioria homens com idades compreendidas entre os vinte e os trinta. Os dados são relativos a um estudo realizado pelo psicólogo Eli Coleman, professor da Universidade de Minneapolis, no estado do Minnesota, EUA. Coleman é uma referência mundial na área da sexologia.

Apesar de ser medicamente reconhecida como uma patologia, há correntes de opinião que relativizam a dependência sexual, recorrendo à velha máxima de antes a mais do que a menos.
Porém, a maioria dos especialistas em sexologia estabelece uma distinção clara de quando se atravessa a fronteira do normal e se entra no território da dependência. Isso acontece quando o vício transtorna a vida das pessoas, dando origem a problemas laborais e a depressões. Quando só se pensa em praticar o acto sexual a mente está apenas concentrada em atingir esse objectivo, levando a situações de assédio sexual permanente.

O desemprego e, como consequência, depressões graves, são desfechos frequentes.

Outros estudos acrescentam que o vício do sexo pode resultar de outras dependências ou provocar novas. Nas mulheres a bulimia está muitas vezes associada, enquanto no sexo masculino é mais usual o jogo compulsivo. A toxicodependência é comum a ambos.

Eli Coleman sublinha a necessidade de se fazer uma distinção clara entre viciados em sexo e predadores sexuais: "Não são pedófilos nem têm práticas sexuais fora do convencional. São pessoas hetero ou homossexuais cujas fantasias resultam em actos sexuais compulsivos que lhes provocam transtornos de várias maneiras."

Recentes investigações científicas, realizadas pelas universidades Hebraica e Ben Gurion, em Israel, acreditam que o problema pode estar no gene D4, responsável pela produção hormonal que estimula o apetite sexual.
SINAIS
ASSÉDIO PERMANENTE
Busca constante de novos parceiros sexuais – usados como objectos – para reduzir ansiedade e aumentar auto-estima.
GASTOS DESMESURADOS
Pornografia e outros artigos de cariz sexual são responsáveis por uma elevada fatia do orçamento, levando à ruptura financeira.

RECURSO À INTERNET
Utilização desregrada para estimulação sexual e procura de novos parceiro que interfere com vida pessoal e social.

MANIPULAÇÃO
Exigência permanente de sexo dentro e fora do relacionamento, recorrendo à manipulaçãoe à coacção psicológica.

"DIMINUI COM A IDADE"
(Santinho Martins - Endocrinologista, especialista em sexo)

Correio da Manhã – O que significa ser viciado em sexo?
Santinho Martins – Ao contrário do que se pensa não está relacionado com quantidade. Não significa que quanto mais sexo se tem mais se quer. Um viciado em sexo só o é porque tem uma estrutura – cerebral e hormonal – que o leva a ser adito sexual. Tem um desejo sexual hiperactivo que não consegue controlar.

– Quando passa a patologia?
– No momento em que provoca transtornos graves, como perder o emprego por estar sempre a assediar colegas, e outras dependências, como álcool ou droga.

– 500 mil portugueses é muito?
– É alguma coisa. Os médicos têm alguma culpa pois aparecem pessoas a dizer que têm sexo 4 a 5 vezes por dia e, por falta de informação, responde-se: "Antes assim".

– Quando e como se manifesta?
– Normalmente acontece quando se está no auge do apetite sexual e da produção hormonal. Entre os 20 e os 30 anos. Após os 40 verifica-se uma descida gradual. Manifesta-se pela busca permanente do acto sexual, como a relação sexual ou a masturbação.

– Tem tratamento?
– Sim, através de medicação e de acompanhamento psicológico.

MICHAEL DOUGLAS ADMITE
A estrela Michael Douglas, protagonista de ‘Instinto Fatal’ ao lado de Sharon Stone, admitiu durante a década de 90 ser viciado em sexo, tendo inclusive estado internado numa clínica de reabilitação nos Estados Unidos. Devido ao passado do actor, Catherine Zeta-Jones, actual mulher, colocou uma cláusula pré-nupcial exigindo quase dois milhões de euros por cada infidelidade descoberta. Após Michael Douglas, Bill Murray, David Duchovny e Eric Benet admitiram o problema.


André Pereira, in Correio da Manhã online, 05Jul2008
Veja mais sobre este assunto em:
* Viciado em Sexo
* "Viciados em Sexo" (parte 1)

2 comentários:

Anónimo disse...

Quais são os efeitos secundários de uma medicação para este tipo de adicção?

Dr. Fernando Mesquita disse...

Olá adicto

a sua questão é totalmente pertinente. Os efeitos dependem do tipo de medicação utilizado. Não devemos esquecer que, independentemente do tipo de medicação, deverá haver acompanhamento psicológico para que consiga ultrapassar mais facilmente esta questão.

Um abraço,

Fernando Eduardo Mesquita
Psicólogo/Sexólogo Clínico
Tel: 969091221