"VICIADOS EM SEXO!" (parte 2)


Existem dois conceitos distintos relativamente ao vício sexual:

  • Compulsão sexual - caracterizada por uma forte ansiedade que só "desaparece" quando se concretiza o acto sexual, geralmente seguido de sensação de culpa e desconforto. Esta compulsão pode estar associada a um Transtorno Obsessivo-Compulsivo, muitas vezes, desencadeada por causas genéticas. Este comportamento, na condição deste transtorno, também pode ser caracterizado por rituais. A pessoa estabelece uma espécie de roteiro. Se não for cumprido, age como se o acto tivesse sido inválido e procura repeti-lo até satisfazer a sua vontade, mesmo sabendo que tal atitude é inadequada.
  • Hiperssexualidade - marcada pela repetição da actividade sexual com o intuito de obter mais prazer. A hiperssexualdiade pode gerar uma compulsão desde que seja acompanhada por sintomas de dependência. Este termo também é conhecido como impulsividade e ainda como satiríase e/ou ninfomania, quando se refere a homens e mulheres, respectivamente. Se a pessoa não tem um parceiro com as mesmas características, poderá vir a procurar outras formas de suprir esta necessidade, recorrendo à masturbação, procura de outros parceiros e/ou de prostitut@s.
Os impactos na vida do compulsivo

A compulsão sexual provoca uma série de alterações na vida do dependente:
  • Transformação da obsessão e da fantasia sexual numa estratégia básica de satisfação. O sexo começa a ser o instrumento que regula a vida emocional da pessoa. Os dias são passados a planear, calcular, imaginar e a procurar oportunidades de ter relações sexuais. Conforme o tempo passa, o nível de actividade passa a ser insuficiente para o indivíduo, fazendo com que necessite de quantidades crescentes para manter o nível de alívio emocional e tenha um comportamento cada vez mais descontrolado. Mesmo que conscientes dos riscos a que estão expostas, estas pessoas, persistem neste registo de comportamento. A frequência, extensão e duração da relação sexual geralmente excedem a intenção da pessoa.
  • A incapacidade de autocontrole, bem como a vergonha de não ter uma vida dentro dos limites apropriados e de mentir por não se controlar são traços que compõem o perfil do dependente e intensificam o sofrimento que sente. Estas pessoas esforçam-se constantemente para parar ou, pelo menos, reduzir o hábito, mas se não conseguem aliviar a angústia com sexo, caiem no desespero. Por isso, dedicam a maior parte do tempo a procurar uma relação, negligenciando actividades sociais, ocupacionais ou recreativas importantes, como trabalhar e estar com a família e amigos. As suas decisões baseiam-se essencialmente no enfoque da sexualidade.
  • Os viciados em sexo estão sujeitos a outras consequências ainda mais severas, entre elas a contaminação de Infecções Sexualmente Transmissíveis, perda de emprego e problemas na relação/casamento. Embora estas pessoas tenham noção que correm perigo, o que lhes importa é satisfazer a sua compulsão, independentemente da situação, local ou com quem se envolvem.

Actualmente, um dos principais meios utilizados por dependentes para ter acesso a novos parceiros e praticar sexo tem sido a Internet. Um artigo publicado em 2005, na revista Sexual Addiction & Compulsivity, afirma que "aproximadamente 20% dos utilizadores da Internet envolve-se em pelo menos um tipo de actividade sexual na rede, incluindo ver informação sobre saúde sexual, relacionamentos por chat, observação de conteúdo pornográfico e marcar encontros cara a cara".


Procurar ajuda


O quadro da compulsão sexual instala-se, normalmente, numa pessoa entre os 15 e os 20 anos - época em que se formam os padrões de comportamento e expressão sexuais. No entanto, as consequências mais destrutivas só começam a ser percebidas, em média, entre os 40 e 45 anos, quando o indivíduo geralmente já possui uma família e uma carreira profissional consolidada.

Para o cônjuge de um dependente de sexo, a descoberta da existência de comportamentos compulsivos é um momento stressante e geralmente acompanhado de diversos sintomas, tais como ansiedade, depressão, irritação, raiva, pensamentos obsessivos e hipervigilância. Por outro lado, o viciado em sexo, normalmente, considera que o sexo que procura não é uma traição à sua relação/casamento.

O tratamento é feito a longo prazo e procura recuperar algumas áreas da vida que foram destruídas pela compulsão. Dependendo da situação, pode haver a necessidade de prescrição de medicamentos para diminuir o desejo de sexo, como antidepressivos ou antipsicóticos. Na maioria das situações é importante que o tratamento seja estendido ao casal.

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