O PONTO G

Num estudo publicado, recentemente, em Londres, voltou à "tona" a polémica sobre a existência, ou não, do Ponto G feminino. A pesquisa envolveu 1804 mulheres gémeas, com idades compreendidas entre os 23 e os 83 anos. Para se confirmar a existência do Ponto G, colocou-se a hipótese, de que, se uma mulher disse-se que tinha o tal "botão do prazer", a irmã gémea deveria dar uma resposta semelhante, uma vez que têm configuração genética idêntica. No entanto, isso não se verificou.

O Ponto G, foi apresentado, em 1950 pelo ginecologista alemão Ernst Grafenberg. Neste sentido, todas as mulheres teriam uma espécie de caixa de Pandora para o prazer sexual, bastando para tal serem suficientemente estimuladas a cerca de dois terços, aproximadamente 5 a 8 cm, no interior da parede frontal da vagina.
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A inexistência do Ponto G foi quase sempre unânime entre a comunidade médica/científica, pelo menos da forma como tem sido apresentada e generalizada. Na realidade, algumas mulheres podem ser mais sensíveis onde se diz existir o afamado Ponto G, tal como umas podem ser mais sensíveis quando estimuladas atrás das orelhas, ou com determinados toques noutras partes do corpo. Na verdade, não podemos esquecer que a nossa pele é um enorme Ponto G.

Esta até pode ser uma boa notícia, muitos casais já se terão sentido frustrados pelas tentativas sucessivas em procurar algo como “verdade adquirida”que, afinal, pode não existir. A procura de um suposto "botão" para proporcionar prazer à mulher é demasiadamente redutora e tira algo que as mulheres, e as próprias relações intimas, têm de muito fascinante: a sua complexidade e a necessidade de uma variedade de estímulos para tirar prazer sexual. A existência do Ponto G, certamente, seria uma boa notícia no tipo de sociedade que temos hoje, em que vivemos com as horas contadas. Desta forma seria excelente se existisse “um botão” que permitisse ter orgasmos rapidamente.

Não podemos esquecer que o orgasmo não é necessariamente sinónimo de satisfação sexual, podemos ter orgasmos em todas as relações mas não nos sentirmos satisfeitos/as com a nossa vida sexual. Podemos ter a sensação que mesmo assim “falta algo” nesses momentos, não sentimos prazer na sua plenitude. Seria um pouco um prazer mais orgânico e não tanto psicológico/emocional. É como que comer algo “sem sabor … sem sal e pimenta”, ficamos de barriga cheia, mas não totalmente satisfeitos. Tenho receio que, em alguns casais, isso possa acontecer quando se sabe que daquela forma rapidamente têm um orgasmo… acabando por cair na rotina e esquecendo-se de muitas outras componentes tão importantes para a relação como a intimidade, a comunicação e a partilha de prazer mútuo.

Não podemos esquecer que a mulher possui o único órgão que serve unicamente para proporcionar prazer... o clítoris. É verdade! Ao contrário do pénis no homem, que também serve para urinar, a mulher tem o clítoris que tem como função exclusiva dar prazer... Pelo menos aí existe unanimidade na comunidade científica/médica. A estimulação do clítoris é a mais utilizada pelas mulheres para atingirem o orgasmo, e muitas delas só com a estimulação, do clítoris, directa conseguem ter orgasmos!

Nota: parte deste texto pertence a uma entrevista que dei à jornalista Ana Jerónimo e que foi publicada na Revista Nova Gente N.º 1741

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